Texto: Danilo Lovisi
Fotos: Ana Cláudia Ferreira
Começo
vasculhando na memória as cenas (e cheiros e sons) que ficaram, de alguma
forma, gravadas em mim das edições do Eco que participei, seja como público
(quase todas) ou convidado. Na última edição, a de Outubro de 2012, minha
atuação foi dual: fomos (Equipe Um Conto)
convidados para comemorar o aniversário de 1 ano da nossa revista, a Um Conto – Revista de Literatura, mas
também consegui atuar como público.
A noite
começou com a poeta juizforana Carolina
Barreto, que lançava seu livro Voragens.
Carol fez uma leitura diminuta, porém densa e delicadamente visceral. Sua força
poética vinha não somente das suas palavras postas ali em voz alta, mas das
suas mãos que, decididas, seguravam seu livro com a mesma densidade de sua
apresentação, de sua poesia.
Em seguida,
Anelise Freitas nos convida para subir ao palco. Havíamos preparado uma pequena
introdução, na qual cada um de nós leria um texto publicado nesses 12 meses de Um Conto, e tudo correu bem. Li (na
companhia audiofônica de Letícia Simões) o texto “Carta à Nova York”, Otávio
leu o belo e denso “Signo”, de Joyce Scoralick e Tassiana “Baleia”, da poeta
carioca Alice Sant’Anna. Passado esse panorama, projetaríamos ao fundo um vídeo
construído com mais outros vários colaboradores da revista, mas, cadê o vídeo?
Corre gente de um lado pro outro pra (tentar) resolver os problemas técnicos.
Enquanto isso o cheiro de pastel frito – aí está uma das memórias mais fortes
que tenho – flutuava pelo Mezcla. Sempre o cheiro de pastel. Anelise chama o
intervalo, os problemas são (mais ou menos) resolvidos, passamos o vídeo e fim.
Done. Missão Cumprida. E o cheiro de pastel rodando.
E começa,
enfim, o tradicional Microfone Aberto. E foi nesse momento que pude, finalmente
e totalmente, ser público. Visto que são sempre muitos os que se apresentam
nessa parte, não me recordo de todos, mas alguns poucos ficaram guardados na
memória (junto, é claro, com o cheiro de pastel frito). Como a garota de seus
16 anos que subiu ao palco, tímida, para ler Cecília Meireles, trazendo aquela
leveza/pureza dos primeiros balbucios nesse meio meio poético. Ou o garoto que, sem camisa, declamou - de uma forma
artisticamente sincera - um de seus escritos primeiros.
Não sei, não
sei, mas penso que esse pode ter sido um Eco de transição. Havia tanto um
sentimento de festa como um sentimento de perda nessa última edição, coisas bem
presentes nos fins e inícios. Pode ser que a missão dessa etapa era que alguns ecos poéticos chegassem até uma menina
de 16 anos, leitora de Cecília Meireles, e que ela resolvesse subir no palco,
vencendo a si mesma, para produzir mais alguns
ecos, capazes de chegar em outras meninas e meninos de 16 ou 56 anos. Que
chegassem numa outra geração. E parece que eles chegaram. Ou não.
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