Também no elenco da edição de setembro do Eco, uma poeta que vem do microfone aberto para, pela primeira vez, compor o elenco de convidados: Débora Maciel!
FARINHA
SECA
nasci ao lado de um rio sujo
com semi-enfermeiras dizendo
que minha mãe tinha que não me esperar mais
obrigando minha mãe a não me esperar mais
fazendo sua barriga – que era eu – descer mais e mais e
eu...
eu desci
com auxilio bruto das mãos grossas,
eu desci
eu não podia gritar...
tava fraca e pequena demais pro mundo
nasci faltando tamanho,
peso e escolha de nome
o santo me obrigou a aparecer
quando queria era me esconder
eu queria ser esquecida
mas minha mãe fez um acordo com a macumbeira
para que eu não desaparecesse
regada a água fraca
e a farinha seca,
me deu,
para evitar a desgraça,
a graça
de Aparecida.
Sobre a autora: Débora Maciel é nascida em Castanhal- PA e radicada no estado de Minas. Graduada em Latim e Literatura Latina para atestar a não funcionalidade empregatícia das linguagens, no que tange ao plano de catequização: desempregada no momento; mas se diverte muito traduzindo/traindo Catulo, Ovídio e Horácio. Mestranda na área de Estudos Culturais e iniciante ao ofício musical do transe código dionisíaco poético.
Edição de setembro do Eco Performances Poéticas
Dia 19 de setembro, a partir das 20h.
No Museu Murilo Mendes
(Rua Benjamin Constant, 790. Centro - Juiz de Fora)
Entrada franca
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