por Mariano Marovatto
Finalmente tinha chegado a data de irmos nós,
os Sete Novos e Lucas Viriato, pra Juiz de Fora, para o Eco em Juiz de Fora.
Não sei se era fim de semana. Achava o André Capilé uma pessoa meio
incompreensível e muito sisuda. Tipo um chato. Ele vinha com a gente no carro
pra ensinar o caminho e pra pegar uma carona. A gente vinha falando muita
abobrinha e gravando vídeos incessantemente, como era de praxe na época do
Amoramérica. Comemos uma rosca de calabresa do Ettore, que o Lucas tinha levado, inteira no carro. Ele conquistou a gente pelo estômago e pela gargalhada. A
gente tava levando um monte de livros e um monte de Plástico Bolha na esperança
de vender. A gente ainda acreditava que poesia podia vender. E olha que era já
nosso segundo livro. Eu tava acima do peso, de cabeça recém-raspada, longas
suíças e usava um óculos estapafúrdio. Um horror em forma de guri. Lá pelas
tantas, depois de Barbacena, ainda na viagem, o Capilé fez severas críticas
sobre a minha dissertação de mestrado. Poderia chorar, mas aí eu me apaixonei
por ele e nunca mais larguei. O hotel tinha nome grego e escadas estranhas. Era
o maior barato porque o Lucas tinha levado muito cigarro que passarinho não
fuma e mais duas roscas de calabresa. Domingos mandou um SMS para o programa do
Datena, que estávamos assistindo: “Datena, os Sete Novos estão indignados”.
Ainda antes do evento, o Augusto, por diversos motivos, sofreu uma sequência de
gargalhadas antológicas e quase morreu sufocado uma meia dúzia de vezes. No Eco
as pessoas paravam para prestar atenção no que a gente lia no palco. Era
estranhíssimo. O local, que tinha um nome ótimo, mas não me recordo, tinha
lotado para ver aqueles quatro cariocas. Era canhestro. Vendemos algumas
dezenas (sim, de-ze-nas) de exemplares do Amoramérica ao longo da noite. Foi
muito insólito. Depois fomos com toda a trupe juiz-forana comer, beber e
celebrar aquele sonho na terra de Murilo. Guardo isso tudo no coração. Repeti
durante anos para amigos entristecidos por conta dos eventos de poesia no Rio
de Janeiro que “em Juiz de Fora não é assim!” Foi assim a primeira vez no Eco.
Inesquecível.
Mariano Marovatto lê "Oceanside" na edição de junho de 2010 do Eco.
Olá, Mariano, o lugar se chamava Mezcla, agora foi demolido e deve virar um prédio, desses que tem aos montes no Rio de Janeiro... mas a gente aqui da Terra de Murilo, Capilé e Pedro Nava, continuamos parando para escutar poesia, e quando ela boa, batemos muitas palmas no final!!!!!
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